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Ponto de Virada

  O som insistente do despertador ecoou pelo quarto, e, como se tivesse sido combinado, todos os garotos come?aram a resmungar em uníssono. Eu ainda estava tonto, meus olhos mal se abrindo, mas Akira já estava pulando da cama com uma energia que n?o fazia o menor sentido àquela hora da manh?.

  — Vamos, pregui?osos! Hoje é o grande dia! — Akira gritou, puxando o cobertor de Taro com toda a for?a, mas, como de costume, Taro mal se mexeu.

  — Ah, dá um tempo, Akira... ainda é cedo demais pra essa energia toda — resmungou Seiji, enterrando o rosto no travesseiro.

  Eu me levantei e espreguicei, me sentindo um pouco mais leve do que nos últimos dias. O simples fato de estar fora de casa, em uma viagem escolar, era o suficiente para me distrair das coisas que me assombravam ultimamente.

  Talvez, com sorte, eu conseguisse aproveitar o dia sem pensar demais. Kaori estava certa, isso era uma oportunidade de criar memórias. E, quem sabe, encontrar algumas respostas.

  — Acordem logo ou o café vai acabar! — Akira provocou, rindo enquanto balan?ava os ombros de Taro. Ele ainda estava perdido no mundo dos sonhos, como sempre.

  Depois de escovarmos os dentes e nos arrumarmo-nos, descemos para o refeitório do hotel. O ambiente estava animado, cheio de vozes e risadas enquanto os alunos se serviam do buffet. O cheiro de café fresco, p?es torrados e ovos mexidos e outras comidas preenchia o ar, tornando impossível n?o sentir um pouco de fome.

  Sentei-me com Rintarou, Akira e Seiji, enquanto Kaori se juntava a nós logo depois, com um prato abarrotado de comida.

  — O que você tem aí? — perguntei, olhando para a pilha de p?es, doces e suco que ela equilibrou na bandeja.

  — Um café da manh? digno de uma garota fofa! — Kaori anunciou com um sorriso vitorioso, mordendo a torrada.

  — Garota fofa? — disse Akira, olhando ao redor de maneira exagerada. — Onde, onde?! Porque aqui eu só vejo uma máquina de comer!

  Kaori fez uma careta para ele, enquanto Rintarou, sempre prático, olhou para o prato dela, franzindo a testa.

  — Kaori, você tem certeza disso? — ele disse, apontando para a montanha de comida. — Nós vamos caminhar o dia inteiro. Isso aí vai acabar te dando sono...

  Ela deu de ombros, mastigando um peda?o de ma?? com tranquilidade.

  — Prefiro isso a desmaiar de fome no meio do templo — respondeu, com um sorriso provocador. — N?o quero ser a primeira garota da história a precisar de resgate porque n?o comeu o suficiente.

  Enquanto conversávamos, os professores come?aram a se organizar, chamando nossa aten??o. O professor Tanaka se levantou, batendo palmas para ganhar o silêncio.

  — Certo, turma, o horário é apertado hoje. Temos várias visitas importantes! — Ele olhou para sua prancheta e ent?o para nós, sorrindo. — Terminando o café, peguem suas mochilas e nos encontrem no sagu?o. N?o queremos atrasos, entendido?

  A turma respondeu com um coro de "sim", e logo estávamos todos terminando o café, ansiosos para o dia que nos esperava.

  Já no sagu?o, o grupo estava pronto. Mochilas cheias, cameras preparadas. Os professores, como sempre, tentavam manter a ordem, mas a excita??o de todos tornava isso uma tarefa difícil.

  — Alguém viu meu boné? — Akira perguntou, revirando sua mochila pela terceira vez.

  — Tá na sua cabe?a, gênio — disse Seiji, rindo.

  Akira tocou o boné e sorriu, como se tivesse feito a maior descoberta do mundo.

  O professor Tanaka deu o último aviso antes de sairmos.

  — Ok, pessoal, vamos come?ar nosso dia. Sigam em fila, sem se afastar do grupo! O primeiro destino é o Templo Kinkaku-ji, ent?o aproveitem para tirar fotos!

  Com todos prontos, subimos no ?nibus, e o clima leve e divertido continuava. Kaori se sentou ao meu lado, animada, enquanto Akira estava logo atrás, puxando conversa com Seiji.

  — Aposto que o Kinkaku-ji vai ser incrível! — disse Kaori, seus olhos brilhando. — Já viu as fotos? é todo dourado! Se n?o fosse por essa viagem, eu nunca teria imaginado que veria algo assim de perto.

  — Sim, vai ser interessante — Tentei sorrir, mas, apesar da anima??o ao meu redor, minha mente ainda estava longe.

  O caminho até o templo n?o foi longo, e logo estávamos todos desembarcando. O sol brilhava forte, e o ar fresco da manh? era revigorante.

  Ao chegarmos ao Kinkaku-ji, a vis?o era impressionante: o templo dourado se refletia perfeitamente nas águas calmas do lago ao redor, criando uma cena que parecia ter saído de um quadro.

  — Aqui está o famoso Templo Kinkaku-ji! Podem tirar fotos, mas lembrem-se de n?o se afastar do grupo! — disse o professor Tanaka.

  Kaori já estava com a camera em m?os, clicando de todos os angulos possíveis.

  — Ei, Shin! Vem cá, vamos tirar uma foto juntos!

  — N?o, obrigado. Eu n?o gosto de tirar fotos... — respondi, mas ela me puxou pelo bra?o para perto dela e come?ou a tirar fotos sem parar.

  Depois de tirar algumas fotos, vi Yuki e Kazuki conversando mais à frente. Kazuki parecia animado, apontando para algo no templo, enquanto Yuki apenas assentia, parecendo distante, como sempre. Meu peito apertou de novo, mas eu sabia que precisava focar no presente. N?o havia nada que eu pudesse fazer naquele momento.

  O dia passou rápido, entre visitas a templos, jardins e pequenas pausas para experimentar comidas locais. No almo?o, nos reunimos em uma pra?a movimentada, cercada por barracas de comida de todos os tipos. O cheiro delicioso de takoyaki, yakisoba e outras especialidades de Kyoto preenchia o ar, e o barulho das pessoas conversando animadamente ecoava ao redor.

  Akira, como sempre, foi o primeiro a pular na fila, com os olhos brilhando de empolga??o.

  — Ahhh, Takoyaki, Yakisoba, Okonomiyaki... Tem de tudo aqui! — Ele praticamente salivava enquanto corria em dire??o à barraca de yakisoba mais próxima. — O que vocês v?o pedir?

  Sora e Seiji se juntaram a Akira e come?aram a pedir tudo que viam pela frente.

  Enquanto esperávamos a comida, o clima era descontraído, cheio de risadas e piadas. Por um momento, eu me senti leve, quase esquecendo dos meus problemas que me atormentavam.

  Quando o dia finalmente chegou ao fim, voltamos ao hotel exaustos, mas satisfeitos. O jantar foi uma refei??o rápida, e logo todos já estavam de volta aos quartos. Depois do banho nos onsen do hotel, a anima??o no nosso quarto come?ou a aumentar.

  Akira, sempre cheio de energia, puxou um baralho da mochila, com um sorriso malicioso no rosto.

  — Galera, vamos jogar cartas! Quem perder paga mico! — ele disse, já embaralhando as cartas, como se aquilo fosse um campeonato mundial. — O que acham?

  Rindo, todos no quarto se animaram, e logo estávamos cercados por risadas e provoca??es enquanto tentávamos blefar melhor uns contra os outros. Seiji, sempre competitivo, era o mais barulhento, lan?ando olhares suspeitos para qualquer movimento de Akira.

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  — Eu sei que você está armando alguma coisa, Akira. N?o vai me passar a perna hoje! — Seiji disse, estreitando os olhos enquanto Akira tentava manter a compostura.

  — Relaxa, Seiji! Sou um cara honesto! — respondeu Akira, rindo, claramente tentando esconder seu próximo movimento no jogo.

  As rodadas iam passando, e a cada vez que alguém perdia, a puni??o era uma piada ou alguma provoca??o leve. Taro, como sempre, permanecia quase adormecido, mal conseguindo manter os olhos abertos, e ainda assim ganhando algumas rodadas.

  Tudo parecia normal, até que Akira perdeu feio em uma das m?os.

  — Ah, n?o! Isso é injusto, eu fui sabotado! — Akira reclamou, jogando as cartas na cama de maneira dramática. — Vamos de novo!

  Seiji n?o perdeu a oportunidade de provocar.

  — Aceita a derrota, Akira. Agora é sua vez de escolher o que fazemos. — Ele riu, aproveitando o momento.

  Akira, com seu espírito sempre inquieto, de repente mudou o tom e um sorriso travesso surgiu em seu rosto.

  — Beleza, já que perdi, vamos mudar o jogo. Hora de falar de algo mais sério. — Ele fez uma pausa dramática, olhando para todos no quarto com uma express?o maliciosa. — Quem vocês acham que é a garota mais bonita da escola?

  O quarto explodiu em risadas. Seiji quase caiu da cama de tanto rir, e até Taro, que parecia estar em outro mundo, abriu um olho curioso.

  — Como sempre, tentando mudar de assunto... — disse Seiji, ainda rindo. — Mas beleza, vamos lá, quem vai primeiro?

  — ...

  Seiji foi o primeiro a responder sem hesita??o.

  — Já que ninguém responde, eu vou falar! Todos sabem que é a Yumi! — disse ele, com um sorriso largo. — Ela é engra?ada, e tem um jeito meio fofo de falar. Além disso, ela... cheira bem. O pacote completo, né? — Ele piscou, como se estivesse se gabando de sua escolha.

  Takeshi, murmurou.

  — Acho que a Aiko... ela é... forte — murmurou.

  — Forte? Isso é uma resposta ou um elogio de luta livre? — Akira zombou, mas todos riram junto.

  Ent?o, as aten??es se voltaram para Kazuki.

  Meu est?mago revirou, e tentei fingir desinteresse, desviando o olhar para qualquer coisa que n?o fosse ele. Mas minhas m?os estavam inquietas, os dedos se apertando contra o len?ol da cama.

  Sabia que, mais cedo ou mais tarde, o assunto acabaria em Yuki, e era como se o quarto estivesse diminuindo de tamanho, a press?o aumentando ao meu redor.

  Eu estava prestes a descobrir a verdade.

  Akira, como sempre, decidiu ati?ar a curiosidade.

  — E aí, Kazuki? Aposto que vai dizer que a Yuki é a mais bonita, né? Vocês est?o sempre juntos — provocou, com um sorriso malicioso.

  O quarto ficou em silêncio, e eu senti minha respira??o parar por um segundo. Todos os olhares estavam em Kazuki, e o meu corpo inteiro ficou tenso.

  Mas, com uma calma que só ele tinha, Kazuki sorriu levemente e balan?ou a cabe?a.

  — Bom, Yuki realmente é bonita... — Meu cora??o parou por um instante, e senti o nó no est?mago apertar. Mas, ent?o, ele soltou um pequeno sorriso de lado e completou. — Mas eu já tenho namorada, ent?o n?o posso responder a essa pergunta.

  — O quê? Como assim? Namorada?— perguntou Seiji, surpreso. — E você n?o contou pra ninguém? Quem é ela?

  Kazuki riu suavemente e deu de ombros.

  — Ela estuda em outra escola. Vocês n?o conhecem, mas estamos juntos já faz um tempo.

  Eu fiquei imóvel, enquanto as palavras de Kazuki se repetiam na minha mente como um eco distante. O nó que estava apertado no meu est?mago há dias come?ou a se desfazer, n?o de uma vez, mas de forma lenta e gradual, como se o peso estivesse sendo retirado centímetro por centímetro.

  A tens?o que eu nem percebia estar segurando come?ou a escapar pelos meus ombros, e senti minha respira??o finalmente se acalmar.

  Era como se o ch?o, que eu temia desabar a qualquer momento, estivesse, na verdade, firme o tempo todo. Tudo o que eu tinha imaginado, todas as dúvidas e inseguran?as que vinham me consumindo... eram só rumores. Boatos que, de alguma forma, ganharam vida na minha mente, distorcendo cada intera??o, cada olhar.

  E agora, com a verdade diante de mim, percebi o quanto eu havia me deixado levar.

  O peso nos meus ombros, aquele fardo invisível que eu carregava sem perceber, come?ou a evaporar calmamente.

  Meu cora??o, que antes batia como um tambor descompassado, voltou a um ritmo mais estável. Toda essa angústia... era por nada. Yuki e Kazuki... n?o passavam de rumores.

  — Ent?o... ele já tem uma namorada... — murmurei comigo mesmo.

  Mas algo ainda me incomodava. Se n?o era Kazuki... por que Yuki estava t?o distante? Ela ainda parecia diferente, e eu precisava entender o que estava acontecendo.

  Reunindo um pouco de coragem, perguntei, tentando soar o mais casual possível.

  — Ent?o... se n?o é isso, por que a Yuki anda t?o estranha ultimamente? Ela parece distante, ela está bem diferente...

  Kazuki parou por um momento, claramente pensando. Ele co?ou a cabe?a, como se estivesse tentando se lembrar de algo.

  — Ah, é verdade... ela comentou comigo que está nervosa por causa de uma prova de atletismo que vai rolar em breve. Acho que é isso. Ela costuma ficar assim quando está ansiosa com algo importante.

  — Ah, uma prova de atletismo... entendi.

  O alívio que senti foi imediato. Tudo fazia sentido agora. N?o era por causa de mim, nem por causa dos rumores sobre ela e Kazuki. Era simplesmente... uma competi??o dela. Um nervosismo genuíno, normal. Algo que qualquer um sentiria.

  Me dei conta de que, enquanto eu estava preso na minha ansiedade, Yuki tinha suas próprias batalhas, suas próprias preocupa??es, t?o simples e humanas quanto as minhas.

  E ali estava eu, sufocando com fantasmas que criei sozinho, quando a realidade era muito menos complicada. O sentimento de alívio era t?o forte que quase me fez rir, uma risada de nervoso, de quem percebeu que estava lutando contra o vento esse tempo todo.

  Por tanto tempo, eu fiquei preso em suposi??es e inseguran?as, como se estivesse à deriva, sem rumo. E, no final das contas, Yuki era só... Yuki. Uma pessoa lidando com seus próprios medos, assim como eu.

  — Ent?o era só isso... — murmurei novamente, sentindo uma onda de calma me invadir.

  Ele deu um sorriso tranquilo, como sempre, e mudou de assunto, alheio à minha epifania.

  — Agora que essa dúvida foi resolvida, quem é o próximo a responder? — provocou ele.

  Akira, como sempre, n?o perdeu tempo em continuar a brincadeira.

  — Tá bom, tá bom, agora que vocês já tiraram esse mistério da cabe?a, vou escolher... hum, acho que a garota mais bonita da escola só pode ser a Yukari do 3o ano! Ela tem aquela energia que deixa qualquer um animado. — disse Akira piscando, mas ninguém perdeu a oportunidade de zoar.

  — Nada mal. Boa escolha, Akira. Yukari realmente é de outro nível, mas nem se compara com a minha deusa, Yumi! — disse Seiji, rindo alto.

  Todos riram junto, e o clima no quarto voltou ao normal, cheio de piadas e provoca??es.

  Mas, para mim, aquele momento foi mais do que uma simples brincadeira. Foi um ponto de virada.

  Com todos ainda rindo, eu me levantei lentamente.

  — Hm? Ei, Shin, onde você vai? — perguntou Akira.

  — Só vou dar uma volta — respondi, acenando de leve.

  Já no corredor do hotel, senti o ar fresco me acalmando. Meu humor estava muito melhor, e parecia que, finalmente, aquela nuvem de incertezas tinha se dissipado.

  Enquanto caminhava, passei por uma máquina de vendas e acabei por me deparar com Yuki parada lá, observando as op??es de sucos. Por um segundo, pensei em voltar, mas decidi que n?o. N?o naquele momento. Eu precisava falar com ela, mesmo que fosse apenas para dizer um simples "olá".

  Ent?o, me aproximei da máquina, tentando parecer casual. Peguei um suco qualquer, mas minhas m?os estavam um pouco trêmulas. Bebi um gole sem pensar muito, querendo quebrar o gelo.

  — Esses sucos aqui... — comecei, meio desajeitado — Nunca s?o t?o bons quanto parecem, né?

  Yuki virou a cabe?a na minha dire??o, parecendo um pouco surpresa com a minha presen?a, mas logo deu um sorriso leve.

  — é... — ela concordou, olhando para o suco que tinha acabado de pegar. — Eles sempre parecem melhores na embalagem.

  Tentei beber mais um gole, mas minha boca se contraiu em uma careta involuntária.

  — Ugh... esse aqui é horrível.

  Ela riu suavemente, o som da sua risada era como uma brisa leve, e eu me senti um pouco menos nervoso.

  — Parece que você fez uma escolha bem ruim — disse ela, ainda com um sorriso pequeno, mas sincero.

  Por um momento, ficamos ali, em silêncio. Mas n?o era aquele tipo de silêncio constrangedor. Era... confortável, de certa forma. Como se n?o precisássemos preencher o espa?o com palavras.

  Respirei fundo, sentindo que essa era minha chance de entender o que estava acontecendo. Reuni coragem para perguntar:

  — Ent?o... — comecei, um pouco hesitante. — Ouvi dizer que você está preocupada com... uma competi??o, né? Tá tudo bem?

  Os olhos de Yuki se arregalaram um pouco, como se tivesse sido pega de surpresa.

  — Q-quem te contou isso!?

  — Foi o Kazuki... — falei, sentindo o nervosismo crescer novamente.

  — Ah, claro... só podia ser ele — Ela suspirou e colocou a m?o na testa, como se estivesse se lembrando de algo. — Eu disse pra ele n?o falar para ninguém...

  — Desculpa, n?o queria me meter — respondi rapidamente, me sentindo meio culpado por trazer o assunto à tona.

  — N?o, tá tudo bem — ela disse, acenando com a m?o, tentando me tranquilizar. — Só... n?o gosto muito de falar sobre isso. Mas sim, estou um pouco nervosa com essa competi??o. Essas coisas sempre me deixam assim.

  Ela deu um sorriso tímido, como se estivesse tentando esconder o qu?o nervosa realmente estava.

  — Eu entendo... — respondi, ainda meio sem jeito. — Mas aposto que você vai se sair bem. Você parece sempre t?o focada.

  Ela me olhou, surpresa, e depois riu um pouco, mais relaxada.

  — Focada? Você realmente acha isso de mim? — Yuki balan?ou a cabe?a levemente, ainda sorrindo. — às vezes me sinto o oposto... mas, obrigada. Acho que isso me dá um pouco de animo.

  Eu sorri também, sentindo que, finalmente, estávamos conversando de verdade, sem aquela estranheza que sempre pairava entre nós.

  — Que bom... Eu realmente espero que dê tudo certo — disse com sinceridade, me sentindo aliviado.

  Ela sorriu de novo, mas dessa vez o sorriso parecia mais genuíno, mais próximo. Por mais simples que fosse, aquela pequena intera??o já parecia um grande avan?o. Eu sabia agora que seus problemas n?o tinham nada a ver com os rumores.

  E, por algum motivo, isso me aliviava muito.

  — Obrigada, Shin. Te vejo amanh?. — ela disse suavemente, antes de pegar a lata de suco e come?ar a caminhar de volta para o seu quarto.

  Fiquei ali por alguns segundos, vendo-a se afastar, e senti um calor estranho no peito. Aquela troca de palavras foi o suficiente para encerrar a noite com um sentimento de... esperan?a.

  O dia seguinte prometia novas aventuras, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia em paz.

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